A história da população da freguesia da Silveira nas suas diferentes vertentes, no horizonte temporal do século passado, muito se deve aos seus costumes religiosos.Trata-se de um blog que, evidencia as tradições, os costumes, as festas, o culto às almas, aos santos e santas, as fotos desses mesmos eventos religiosos, os contributos das pessoas que se mantiveram ligadas à terra e de algumas que desde cedo a abandonaram para outra forma de vida que não a agricultura.
Iremos servir-nos de testemunhos de gente viva dos princípios do Século XX, anos em que a Freguesia foi fundada. A maior parte destes testemunhos ainda são oriundos de paroquianos que se lembram da passagem de S. Pedro da Cadeira para a Silveira. Iremos evidenciar basicamente o património religioso. Vamos referir datas e conjuntura da época de forma a não deixar morrer a cultura que fundou a freguesia da Silveira.Pretendo fazer justiça à terra que nos viu nascer, dando a conhecer aos seus habitantes e à população em geral aquilo que de bom nos legaram os nossos antepassados assim como preservar o património e dignificar todo um passado histórico.Os principais valores da freguesia estão na sua população, na sua forma de viver, na sua postura perante a sociedade, nas suas capacidades de criar iniciativas capazes de fazer história que se perpetue no tempo. Também como na maioria das localidades do mundo rural desse tempo, na freguesia da Silveira existiam muitas tabernas, onde os homens bebiam vinho e/ou aguardente, jogavam às cartas, ao dominó, sendo que estas desempenhavam um forte papel social, e tinham ainda uma pequena mercearia onde as famílias compravam o que era necessário para o seu sustento. Nem todos os Domingos à tarde eram monotonamente calmos. Dias existiram em que à saída das tabernas havia uma ou outra zaragata. Coisa própria daqueles tempos. Os casos eram bastante conhecidos e normalmente vinham sempre das mesmas pessoas que eram conhecidas por desordeiras debaixo dos efeitos do álcool.
Com o aparecimento da televisão, era normal, os adultos e garotos irem até às tabernas para verem os primeiros programas da caixinha mágica.A sociedade da Silveira é tradicionalmente religiosa. Encontram-se na Igreja de Nossa Senhora do Amparo, várias Imagens de Santos.
Desta freguesia saíram alguns filhos sacerdotes. P. João Soares, nascido em 7 de Agosto de 1917,que nos irá ajudar a passar um pouco da história desta localidade. Este Sacerdote, ainda vivo, ajudou-nos a complementar estas datas e dados. Existia anteriormente outro Sacerdote na localidade da Silveira mas anteriormente à existência da Freguesia. Era o P. Luís do Val Jordão que nasceu em 1889 e faleceu em 7 de Janeiro de 1919 em Marselha quando regressava duma viagem da Alemanha. Também nasceu nesta localidade, mas ainda freguesia de S. Pedro da Cadeira, outro Sacerdote, António Alves Sabino, a 1 de Março de 1923 natural de Val Martelo.
A freguesia da Silveira, apesar de se localizar próxima da cidade de Lisboa, 60 km, nem sempre recebeu a sua influência cultural. Daí que a maioria dos seus filhos se integrassem nas actividades agrícolas e pecuárias, que constituíam as suas fontes de desenvolvimento.
A Freguesia da Silveira foi fundada em 28 de Setembro de 1926 e a Paróquia foi fundada dia 21 de Dezembro de 1928.
Poderemos fazer aqui uma breve síntese do que se passava no País a nível socio-político, para termos a noção temporal da criação da Freguesia e Paróquia da Silveira.
A instabilidade a todos os níveis foi a marca da primeira república (1910-1926), de tal forma, que durante esse período, o país teve quarenta e cinco governos e 193 ministros. Além disso, enfrentava uma grave crise económico-financeira, herdada da monarquia e aprofundada com a Primeira Guerra Mundial (saldo de cinco mil mortos), deixando o país à beira de uma falência monetária, com um perigoso quadro inflacionário e um aumento da dívida interna e externa. Este quadro agrava a crise social com inúmeras greves e uma forte mobilização operária favorecida pela criação da Confederação Geral do Trabalho em 1919.
As greves operárias incomodam a burguesia democrática portuguesa, incapaz de conciliar o crescimento industrial e liberdades democráticas, por isso foi buscar apoio num meio autoritário: apoiando o golpe militar de 28 de Maio de 1926. A ditadura militar consolidada, mesmo enfrentando a reacção de Fevereiro de 1927 e a Revolta da Marinha em 1931, constitui o primeiro governo, do presidente Oscar Carmona, que da Presidência só sairia com sua morte em Abril de 1951, e do professor de Economia da Universidade de Coimbra, António de Oliveira Salazar, como ministro das Finanças. Neste período e até Abril de 1974, ao apoios á sociedade eram muito reduzidos e daí o grande esforço dos Paroquianos para a construção da suas Igrejas.
O primeiro pároco da Freguesia, que veio da Ponte do Rol, era o P. Silvestre Tavares dos Santos Lima, natural de Cravassô do Vouga, Concelho de Águeda.
A Igreja antiga foi inaugurada em 1679, no Sec. XVII e fundada com o contributo dos Povos de Silveira, Cerca e Secarias. Esta Igreja esteve em funções até 1953, ano em que foi demolida para dar lugar à construção da Igreja nova.
As cerimónias religiosas durante a construção da Igreja nova eram feitas no antigo salão paroquial que foi mandado edificar pelo então pároco P. António Antunes Trincão, natural de Torres Novas. Este pároco esteve em funções na freguesia de Abril de 1945 até 1959.
Seguidamente foi substituído pelo pároco P. Joaquim Luís Mendes, natural de Vimeiro, Alcobaça que esteve em funções de 1959 a 1975. Este pároco foi o responsável pela edificação da residência paroquial existente a Sul da Igreja da silveira.
O pároco Francisco Maria Rodrigues Pitinha, natural da Atouguia da Baleia, Peniche, sobrinho do Bispo Franciscano D. Rafael Maria da Assunção, 1º prelado de Moçambique e mais tarde Bispo de Cabo Verde. Este pároco Pitinha esteve em funções de 1975 a 1996. Este pároco viria a mandar edificar o actual Jardim-de-infância e recinto de Festas no local do antigo salão paroquial.
A inauguração da Igreja nova da Silveira foi em 16 de Outubro de 1955. Foi inaugurada pelo Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira. Ouve festa durante uma semana.
Para a construção da Igreja todos os paroquianos tiveram naquele tempo de fazer um esforço suplementar. Todas as pessoas contribuíam com aquilo que tinham para poder ser vendido e render algum dinheiro para a nova construção. Existiam pessoas encarregadas de semanalmente irem a casa dos paroquianos, recolher os produtos, que esses se tinham predisposto a oferecer. Não mentiremos se afirmar-mos que haviam pessoas que chegavam a passar fome para poderem dar algo para a construção da nova Igreja.
As festas paroquiais eram sempre do mesmo estilo. Banda de música de alguma terra próxima, exibia-se com orgulho para um povo se juntava à volta dos coretos e apreciavam com muito entusiasmo a arte transmitida por aqueles que faziam o seu melhor por os divertir. Nesse tempo, raras eram as pessoas que tinham um rádio sequer, logo o grande apreço por esses serões musicais em tempos de festa. Nesses tempos, enquanto os pais se juntavam a ouvir as bandas de música, os filhos, passeavam pela estrada ou largo sempre com o objectivo de se meterem com as filhas dos vizinhos que iam à sua frente. Não andavam lado a lado mas sim atrás das raparigas. Só a estrada principal era de alcatrão sendo as outras de areia. O pó era uma constante mas quem se importava com ele em dias de festa?
Além das bandas de música existiam as actividades das quermesses que tinham por missão, conseguir algum dinheiro, com a venda de alguns artigos, para a organização da festa. Os miúdos juntavam-se em redor dos pais para que estes lhes comprassem umas rifas para tentarem ganhar algum boneco que estava em exposição na quermesse. Não havia por parte dos miúdos grandes exigências pois naquela época não se podia exigir muito. Caso os pedidos fossem muitos, logo os pais se encarregavam de dizer às crianças que o Sr. Prior não queria ou que o Sr. Polícia não deixava que as crianças tivessem muitas coisas.
Nessa época de festa e não só, depois da missa, Havia uns leilões que eram realizados no largo em frente à Igreja e que tinha como principal objectivo angariar fundos pecuniários. Esse leilão era organizado por uma comissão própria, que tinha à sua responsabilidade esses dinheiros e oferendas. Essas oferendas eram oferecidas por alguns paroquianos á Nossa Senhora do Amparo e posteriormente eram leiloadas. O tipo de oferendas era basicamente produtos dados pela terra. Ofereciam-se batatas, galinhas, cebolas, coelhos, alhos, porcos e outros artigos, fruto do trabalho da lavoura.
Os produtos eram leiloados e o dinheiro desse leilão era entregue a essa comissão que prestava contas ao prior.
Nas festas, os leilões serviam também para patrocinar a festa e despesas de arraial.
Alguns dos meus familiares eram responsáveis pelas comissões organizadoras. Lembro-me perfeitamente que aproveitava o facto do meu tio António estar nesse leilão e eu pedia-lhe a bicicleta emprestada e passeava à volta da Igreja. Uma bicicleta, nesses tempos, não era um veículo acessível a todos, só as pessoas com algumas posses as podiam ter.
Iremos servir-nos de testemunhos de gente viva dos princípios do Século XX, anos em que a Freguesia foi fundada. A maior parte destes testemunhos ainda são oriundos de paroquianos que se lembram da passagem de S. Pedro da Cadeira para a Silveira. Iremos evidenciar basicamente o património religioso. Vamos referir datas e conjuntura da época de forma a não deixar morrer a cultura que fundou a freguesia da Silveira.Pretendo fazer justiça à terra que nos viu nascer, dando a conhecer aos seus habitantes e à população em geral aquilo que de bom nos legaram os nossos antepassados assim como preservar o património e dignificar todo um passado histórico.Os principais valores da freguesia estão na sua população, na sua forma de viver, na sua postura perante a sociedade, nas suas capacidades de criar iniciativas capazes de fazer história que se perpetue no tempo. Também como na maioria das localidades do mundo rural desse tempo, na freguesia da Silveira existiam muitas tabernas, onde os homens bebiam vinho e/ou aguardente, jogavam às cartas, ao dominó, sendo que estas desempenhavam um forte papel social, e tinham ainda uma pequena mercearia onde as famílias compravam o que era necessário para o seu sustento. Nem todos os Domingos à tarde eram monotonamente calmos. Dias existiram em que à saída das tabernas havia uma ou outra zaragata. Coisa própria daqueles tempos. Os casos eram bastante conhecidos e normalmente vinham sempre das mesmas pessoas que eram conhecidas por desordeiras debaixo dos efeitos do álcool.
Com o aparecimento da televisão, era normal, os adultos e garotos irem até às tabernas para verem os primeiros programas da caixinha mágica.A sociedade da Silveira é tradicionalmente religiosa. Encontram-se na Igreja de Nossa Senhora do Amparo, várias Imagens de Santos.
Desta freguesia saíram alguns filhos sacerdotes. P. João Soares, nascido em 7 de Agosto de 1917,que nos irá ajudar a passar um pouco da história desta localidade. Este Sacerdote, ainda vivo, ajudou-nos a complementar estas datas e dados. Existia anteriormente outro Sacerdote na localidade da Silveira mas anteriormente à existência da Freguesia. Era o P. Luís do Val Jordão que nasceu em 1889 e faleceu em 7 de Janeiro de 1919 em Marselha quando regressava duma viagem da Alemanha. Também nasceu nesta localidade, mas ainda freguesia de S. Pedro da Cadeira, outro Sacerdote, António Alves Sabino, a 1 de Março de 1923 natural de Val Martelo.
A freguesia da Silveira, apesar de se localizar próxima da cidade de Lisboa, 60 km, nem sempre recebeu a sua influência cultural. Daí que a maioria dos seus filhos se integrassem nas actividades agrícolas e pecuárias, que constituíam as suas fontes de desenvolvimento.
A Freguesia da Silveira foi fundada em 28 de Setembro de 1926 e a Paróquia foi fundada dia 21 de Dezembro de 1928.
Poderemos fazer aqui uma breve síntese do que se passava no País a nível socio-político, para termos a noção temporal da criação da Freguesia e Paróquia da Silveira.
A instabilidade a todos os níveis foi a marca da primeira república (1910-1926), de tal forma, que durante esse período, o país teve quarenta e cinco governos e 193 ministros. Além disso, enfrentava uma grave crise económico-financeira, herdada da monarquia e aprofundada com a Primeira Guerra Mundial (saldo de cinco mil mortos), deixando o país à beira de uma falência monetária, com um perigoso quadro inflacionário e um aumento da dívida interna e externa. Este quadro agrava a crise social com inúmeras greves e uma forte mobilização operária favorecida pela criação da Confederação Geral do Trabalho em 1919.
As greves operárias incomodam a burguesia democrática portuguesa, incapaz de conciliar o crescimento industrial e liberdades democráticas, por isso foi buscar apoio num meio autoritário: apoiando o golpe militar de 28 de Maio de 1926. A ditadura militar consolidada, mesmo enfrentando a reacção de Fevereiro de 1927 e a Revolta da Marinha em 1931, constitui o primeiro governo, do presidente Oscar Carmona, que da Presidência só sairia com sua morte em Abril de 1951, e do professor de Economia da Universidade de Coimbra, António de Oliveira Salazar, como ministro das Finanças. Neste período e até Abril de 1974, ao apoios á sociedade eram muito reduzidos e daí o grande esforço dos Paroquianos para a construção da suas Igrejas.
O primeiro pároco da Freguesia, que veio da Ponte do Rol, era o P. Silvestre Tavares dos Santos Lima, natural de Cravassô do Vouga, Concelho de Águeda.
A Igreja antiga foi inaugurada em 1679, no Sec. XVII e fundada com o contributo dos Povos de Silveira, Cerca e Secarias. Esta Igreja esteve em funções até 1953, ano em que foi demolida para dar lugar à construção da Igreja nova.
As cerimónias religiosas durante a construção da Igreja nova eram feitas no antigo salão paroquial que foi mandado edificar pelo então pároco P. António Antunes Trincão, natural de Torres Novas. Este pároco esteve em funções na freguesia de Abril de 1945 até 1959.
Seguidamente foi substituído pelo pároco P. Joaquim Luís Mendes, natural de Vimeiro, Alcobaça que esteve em funções de 1959 a 1975. Este pároco foi o responsável pela edificação da residência paroquial existente a Sul da Igreja da silveira.
O pároco Francisco Maria Rodrigues Pitinha, natural da Atouguia da Baleia, Peniche, sobrinho do Bispo Franciscano D. Rafael Maria da Assunção, 1º prelado de Moçambique e mais tarde Bispo de Cabo Verde. Este pároco Pitinha esteve em funções de 1975 a 1996. Este pároco viria a mandar edificar o actual Jardim-de-infância e recinto de Festas no local do antigo salão paroquial.
A inauguração da Igreja nova da Silveira foi em 16 de Outubro de 1955. Foi inaugurada pelo Cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira. Ouve festa durante uma semana.
Para a construção da Igreja todos os paroquianos tiveram naquele tempo de fazer um esforço suplementar. Todas as pessoas contribuíam com aquilo que tinham para poder ser vendido e render algum dinheiro para a nova construção. Existiam pessoas encarregadas de semanalmente irem a casa dos paroquianos, recolher os produtos, que esses se tinham predisposto a oferecer. Não mentiremos se afirmar-mos que haviam pessoas que chegavam a passar fome para poderem dar algo para a construção da nova Igreja.
As festas paroquiais eram sempre do mesmo estilo. Banda de música de alguma terra próxima, exibia-se com orgulho para um povo se juntava à volta dos coretos e apreciavam com muito entusiasmo a arte transmitida por aqueles que faziam o seu melhor por os divertir. Nesse tempo, raras eram as pessoas que tinham um rádio sequer, logo o grande apreço por esses serões musicais em tempos de festa. Nesses tempos, enquanto os pais se juntavam a ouvir as bandas de música, os filhos, passeavam pela estrada ou largo sempre com o objectivo de se meterem com as filhas dos vizinhos que iam à sua frente. Não andavam lado a lado mas sim atrás das raparigas. Só a estrada principal era de alcatrão sendo as outras de areia. O pó era uma constante mas quem se importava com ele em dias de festa?
Além das bandas de música existiam as actividades das quermesses que tinham por missão, conseguir algum dinheiro, com a venda de alguns artigos, para a organização da festa. Os miúdos juntavam-se em redor dos pais para que estes lhes comprassem umas rifas para tentarem ganhar algum boneco que estava em exposição na quermesse. Não havia por parte dos miúdos grandes exigências pois naquela época não se podia exigir muito. Caso os pedidos fossem muitos, logo os pais se encarregavam de dizer às crianças que o Sr. Prior não queria ou que o Sr. Polícia não deixava que as crianças tivessem muitas coisas.
Nessa época de festa e não só, depois da missa, Havia uns leilões que eram realizados no largo em frente à Igreja e que tinha como principal objectivo angariar fundos pecuniários. Esse leilão era organizado por uma comissão própria, que tinha à sua responsabilidade esses dinheiros e oferendas. Essas oferendas eram oferecidas por alguns paroquianos á Nossa Senhora do Amparo e posteriormente eram leiloadas. O tipo de oferendas era basicamente produtos dados pela terra. Ofereciam-se batatas, galinhas, cebolas, coelhos, alhos, porcos e outros artigos, fruto do trabalho da lavoura.
Os produtos eram leiloados e o dinheiro desse leilão era entregue a essa comissão que prestava contas ao prior.
Nas festas, os leilões serviam também para patrocinar a festa e despesas de arraial.
Alguns dos meus familiares eram responsáveis pelas comissões organizadoras. Lembro-me perfeitamente que aproveitava o facto do meu tio António estar nesse leilão e eu pedia-lhe a bicicleta emprestada e passeava à volta da Igreja. Uma bicicleta, nesses tempos, não era um veículo acessível a todos, só as pessoas com algumas posses as podiam ter.
Eu estava ao colo do meu Tio Padre João no dia da Inauguração da Nova Igreja da Silveira.